I
Ei velho Cabral, veja só que sorte,
já inventaram o tele-transporte!//
Faz Rio-Lisboa em poucas horas
e assim como vai, também volta//
Ir às Índias, agora é um pulo
e querendo dar a volta ao mundo,
basta fechar a escotilha//
Mas antes que se lamente à toa,
saiba: não é tão bom como soa//
Deu-se fim a viagem,
já não se descobre novas paisagens//
Guiado via satélite, não hesita;
segue estrelas inventadas
e faz o que lhe ditam//
Triângulo das Bermudas, agora é concorrido
e vou à Salvador, só pra folia//
Hora de chegada e hora de partida,
é dar muita chance ao imprevisto//
Voa tão alto, que abaixo, pouco vê;
de nariz empinado,
apontado pro céu//
II
Aventura, fica por conta do filme na tv,
distrações para preencher o vazio//
A pressa pelo objetivo faz esquecer,
que ‘perder-se também é caminho’//
Segurança no cinto, máscara de ar,
permaneçam em seus assentos,
já vamos chegar//
Seguindo o roteiro, sem sair da fila,
típica comida: sabor globalizado//
tudo preparado, com boa antecedência,
para te apresentar ao estereotipado//
Ouvir a voz do guia, olhar para onde aponta;
fingir que não se dá conta
da criança na esquina//
Veja que bonito, oh!, como é belo;
pontos turísticos, prontos para agradá-lo//
Lembrancinhas, souvenirs, fotografias;
se ganhassem cicatrizes, não esqueceriam//
E depois, é malas prontas,
já estamos de partida!
Tamanha correria, também na despedida//
III
Chegar em casa é aquela tristeza,
dá depressão e até jet-lag//
A vida é mesmo uma dureza,
o psiquiatra que te aguarde!//
E se antes eram loucos os que navegavam,
parece que hoje a viagem enlouquece.
Pois está tudo a um só click, na internet//
A cidade onde vive, ainda desconhece
e pouco sabe de seu vizinho de porta//
Mas planeja com antecedência quando irá
a próxima vez para a Europa//
Agora já sei, amigo Cabral,
que a Terra é redonda e gira em torno do sol;
suspensa no vazio do vazio da alma, daquele que é só//
Cedo ou tarde a gente se encontra
e você me conta sobre o que é viajar//
Afinal, por que ir tão longe,
se não quer sair do lugar?//
Imagino que deves sentir saudades,
dos 7 mares e daqueles dias//
Quando ainda acreditava-se em ilhas desconhecidas//
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
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2 comentários:
Gostei muito!
Pena que os textos pararam em 2009, e já estamos em 2011... Aonde estão?
Bjs,
MAri.
Fala Cabezas, kd a atualização do Janela703 ?? abração
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